Culpa materna, como lidar?

Culpa materna, como lidar?

Maternidade para algumas mulheres é sentimento de alegria e satisfação, no entanto para outras é um momento solitário e sofrido, pois ser mãe exige recursos desconhecidos; cada maternidade é única e incomparável. O parto dói, amamentar dói, se ver com um ser indefeso chorando nos braços muito vezes se torna assustador e não existe manual. Muitas vezes essas mulheres não têm com quem contar, existem muitas cobranças, muitos palpites e pouco acolhimento. Os Hormônios estão agitados assim como toda a rotina que precisa ser reorganizada. E essa mãe está sozinha, cercadas de pessoas que não conseguem olhar para esta mulher que se tornou mãe. Neste momento todas as atenções estão voltadas para o(a) novo(a) herdeiro(a). A criança ganha presentes, mimos, os familiares brigam para ver quem vai segurar o bebê primeiro, com quem se parece e, essa mulher, vai se tornando invisível, aos olhares da sociedade.

Você chora em silencio quando vai dormir, depressão pós-parto é frescura, afinal você tem um marido maravilhoso (quando tem), vários amigos, parentes, uma família feliz. É só um bebê. Qual a dificuldade? Essa criança só precisa de uma mãe que de atenção a ela, pois é frágil e indefesa. Será que só a criança, precisa ser acolhida? Atrás de uma mãe está uma mulher, cheia de dúvidas, desejos e sonhos e se vê envolta em turbilhão de sensações e emoções.

Ninguém se preocupa se ela conseguiu realizar suas tarefas cotidianas, se arrumar, ir ao banheiro. Essas atividades depois do nascimento de uma criança passam a ser grandes conquistas, onde não existe torcida. Ninguém nem percebe que essa mãe está exausta e cansada.

E com isso vem a tão chamada CULPA. Qual a mãe que não teve ou tem culpa em relação a maternidade? Sentem-se culpada por achar que não dão conta, por não saber se estão fazendo direito, porque não tem leite, porque não tem libido sexual. Parece que ser   mãe é sentir-se culpada constantemente. É normal não cumprir todas as expectativas planejadas, nem tudo é possível, quando nos tornamos mães.

Essa pessoa deixou de ser mulher e passa ser mãe. Durante alguns meses e quem sabe pela vida inteira a principal preocupação deverá ser desempenhar o papel de mãe perfeita. É difícil encontrar o equilíbrio entre criar os filhos e se dedicar a si mesma, sem parecer egoísta ou individualista.

Muitas mulheres criam seus filhos sozinhas e tem a necessidade de trabalhar para prover uma subsistência necessária as suas crias, o que muitas vezes a torna uma mãe ausente ou até mesmo displicente em relação aos seus filhos

A retomada ao trabalho e a necessidade de deixar seus filhos aos cuidados de terceiros ou permanecerem mais tempo na escola são outros gatilhos para que a Culpa permeie seus pensamentos. Essa ausência, esse tempo longe dos filhos não será reposto e essa questão sempre pesará em  suas escolhas .

A culpa de ser mãe é recorrente e aceitar que mulheres nem sempre são fortes, que muitas vezes precisam de ajuda e acolhimento, desmitifica o ideal de maternidade perfeita.

Mulheres podem querer não ter filhos, podem não querer casar, podem criar filhos sozinhas, podem ser e fazer o que quiserem. Não sintam-se culpadas por suas escolhas. Não se sintam culpadas por cuidar de si mesmo, por se colocar como prioridades em alguns momentos de sua vida.

Não somos responsáveis pelo constante bem-estar e felicidade dos outros, sejam eles nossos filhos, companheiros ou nossos pais. Frustrações e decepções fazem parte da vida. Somos responsáveis por nossa própria felicidade, devemos nos valorizar e fazer o possível para nos livrar dos estigmas e estereótipos impostos pela sociedade. Não criemos expectativas. Sejamos apenas mulheres, empoderadas ou não, mulheres, que se amam e se respeitam com suas imperfeições e limitações.

TAGS: Maternidade Infância
Elaine de Souza
Escrito por:
Elaine de Souza

Psicóloga Infantil • Psicopedagoga • Docente

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