As loucas também votam e a Anitta influência o país

As loucas também votam e a Anitta influência o país

Em 2022, completamos 90 anos que no Brasil a mulher conquistou o direito ao voto. Hoje, podemos pensar que esse direito sempre foi para todos, mas nem sempre foi assim. Na Grécia antiga, em Atenas, berço da democracia contemporânea, a mulher também não podia votar. No desabrochar do iluminismo, durante a revolução francesa no final do século XVIII, pasmem, a mulher também não teve o direito ao voto assegurado, mesmo com tantas ideais de liberdade sendo colocados à tona.

O cerceamento da liberdade da mulher, como sabemos, não se restringe somente ao direito ao voto, mas também as vestimentas, comportamentos e escolhas. Em nossa sociedade ocidental e contemporânea, claramente temos inúmeros avanços no que se tange aos direitos conquistados pela mulher na sociedade durante o último século e meio.

Nesse sentindo, destaco o fator psicossocial dos contextos históricos, visto que quando queremos deslegitimar algo ou alguém os chamamos de louco ou "emocionado", mostrando que esse indivíduo não tem capacidade para tomar decisões maduras ou centradas. Não foi diferente com as mulheres em relação a conquista do direto ao voto. Os homens eram tidos como seres da intelectualidade, enquanto as mulheres eram vistas como seres emotivas, justificando por muito tempo os motivos pelos quais as mulheres não poderiam participar da vida política.

No final do século XIX, a Nova Zelândia e Austrália largam na frente e as mulheres nesses países começam a votar. No século XX na Europa e na América, as discussões sobre o direito ao voto feminino também ocorrem, com uma onda machista absurda de que o direito ao voto das mulheres faria com que os papéis sociais na sociedade se invertessem. Sugiro os filmes "As sufragistas" e "Enola Holmes", na plataforma de streaming mais perto de você para que entenda melhor esse cenário.

Com muita luta e discussão, vários países do mundo ocidental garantem nas primeiras décadas do século XX o direito ao voto para mulher. Entre eles o Brasil, que em 1932 garantiu esse direito as mulheres. Porém, a quantidade de mulheres eleitas no Brasil ainda é muito pequena, o número de mulheres no congresso nacional, não chega a ser de 1/5 de mulheres. Estamos muito distantes de uma real representação feminina.

90 anos depois dessa conquista, a mulher mais comentada do Brasil atualmente, Anitta (ame ou a odeie), influencia uma campanha em massa nas redes sociais para que os jovens de 16 a 18 anos tirem o seu título de eleitor e usem o seu direito de exercer a cidadania para que se sintam mais representados na sociedade.

E o incrível é que mesmo depois de 90 anos da conquista de um direito tão importantes na sociedade, as mulheres continuam sendo subestimadas em relação as suas atitudes, comportamentos, escolhas e decisões. Dificilmente a cantora Anitta seria tão atacada, se não estivesse fazendo campanhas políticas de conscientização nas redes sociais, visto que nossa sociedade ainda acredita mesmo depois de 90 anos do voto feminino, que lugar de mulher não é no debate político.

Os tempos já mudaram faz tempo, as "loucas" votam e mulheres empoderadas (empresárias, influencers, políticas, chefes, líderes etc.) como a Anitta incomodam uma tradição e pensamento machista no país. Não há como negar, a Anitta influência o país.

 

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TAGS: Mulher Tabu Saúde Mental
Rafael Blessa
Escrito por:
Rafael Blessa

Historiador • Docente

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